Biblioteca Municipal de Faro
segunda-feira, janeiro 26, 2015
quarta-feira, janeiro 21, 2015
O algoritmo da palavra
não ignoro que
entre o texto e mim
há um ilusório marfim
sólido eclipsar de agulhas finas
bantostões de gélidas figuras
remendo em névoa p´rás alturas
não ignoro
mas tudo isso criação nervosa
brasas de um chão nervoso
lágrimas ou choro de alguma aurora
é o ombro de um minuto generoso
de marfim, que percorro
sexta-feira, janeiro 16, 2015
O algoritmo da palavra
a palavra
fruto dos sentidos
errante na voz murmurada
matizada nas vésperas do caminho
segue-me
saturada pela nitidez
dos contornos
sinais abertos à imaginação
- não é aquele sopro
que se dilata
nas veias -
halo rompendo o orgulho das pedras
ecrã onde despejo o olhar
é chão das minhas sandálias
o texto
nas ondulações dos indícios
é frio o coração do nada
mas é lá
que escrevo
as palavras quentes
e sem vergonha
terça-feira, janeiro 13, 2015
O algoritmo da palavra
Ó terra gretada
sulco das minhas veias,
a poesia não é nada
mas nela as palavras semeias
sábado, janeiro 10, 2015
O algoritmo da palavra
Nada reverte o amor em palavras
As sombras não são pudor
- Os nomes cristalizam nas margens
O corpo evola-se em ardor
Teu nome tão grato às manhãs
Teu invólucro de nada presente
Teus passos de alguma serpente
Carpir do crepe da roca das lãs
O rio que por aqui passa
Nas margens das asas d´água
É rio em perpétua vasa
Sem nomes! – insólita mágoa
Não há nomes no vazio das avenças
Na bagagem crispada do sentir
- Nomes são as nossas crenças
No mundo sentido e a fluir
terça-feira, janeiro 06, 2015
os corredores habitados
se eu fosse outro ( nas imediações)
totalmente outro ( talvez ou apenas uma graça de um qualquer farol )
sempre que inspiro ( longe das águas )
na verdade mecânica dos pulmões ( gestos de Charlot )
outro ( para lá da dúvida )
caminhando ( esquecidos os momentos )
nos aquedutos ( a enorme voragem)
da viagem
aquele outro
por um verso que respiro
chegarei aqui às pequenas coisas, ( limão, raiz, sombra, postigo)
sábado, janeiro 03, 2015
os corredores habitados
nos corredores
não há armazéns (depósito de mercadorias para embarque)
para guardar os vícios
nem pistolas para guardar sentimentos,
nos corredores (passagem estreita e comprida no interior duma casa, que corre muito, mensageiro, cobarde, poltrão)
onde abundam as palavras
os enredos (tecido embaraçado, conjunto dos incidentes de uma produção literária que constituem a acção, mexerico) agarram-se às paredes
a imensidão do olhar fere o rosto que se arrasta na penumbra
a aurora cai
por cima das vozes (resultado da emissão de sons pela laringite,grito,clamor, v. do povo, v. de trovão,etc) há trânsito
em direcção às fogueiras que nos alimentam
sexta-feira, janeiro 02, 2015
os corredores habitados
Do ano tão nu
que ora passa
raiando os olhos
os lenços da despedida
sobeja nas fontes
teu olhar de sarça (encastrado)
teu olhar - com graça -
de um lençol de mágoa
nas horas de toda a vida
- por outras horas
outro ano vem
tão longe a encontrar
nas dobras do que se tem
querendo alto outro festejar
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