sábado, novembro 28, 2020

A eternidade é um instante

 

 

Deixem-me voar

Subir ao palco da representação

Descer ao planalto e planar

Subir ao vale da sensação

 

Planando vou sem orbitar

Sem orbitar habito o sul 

Sentado estou a voar

- órbita de aberto azul -

 

Planar neste consolo

Longe de tudo perto de mim

- subir ao vale sem retorno

descer a montanha sem ter fim 

 

 Foto de Hélia

domingo, novembro 08, 2020

Anos 20


 

 Refugiados I e II- Pinturas a guache e lápis de aguarela sobre papel
- enquadramento quadruplo - 4x (21x15) 2020 

 

Chegados à encruzilhada de sombras, este ser esvaído cruza o magnetismo dos pólos virtuais – encortiçados sermões da montanha

Anémico, com a utopia invernosa debaixo do braço, as mãos presas aos calcanhares lambujando cerejas nos beiços da aflição – cerejas sumptuosamente agridoces

Está enlatado nas placas da memória e deixou-se adormecer em suaves assobios – os contornos da espuma das praias secas, os óleos queimados da motricidade dos nervos – sopram nos umbigos os rebuçados da solidão

Chegou à taberna da cruzada, vestiu um delicado sorriso azul de satisfação mineral – despejou as saladas e mais objectos sonoros contornando as dores das prestações

O Verão galgou as ribanceiras dos ossos com pés descalços – alastrou e continua…arco íris que penetrou nas cavernas do universo e das pedradas nos músculos – papoilas brumosas da saudade côncava … – lá vão, pelos matizes afrodisíacos das fronteiras com os caroços da vida na mão