segunda-feira, novembro 12, 2007

Cultura Ibérica TRIBUTO 12



Em busca do Bar 1900 -1















O Zé Maria









O Juan


Na Margem há duas histórias; uma é aquela do correr dos dias da construção e das pedras, do objecto enquanto um espaço; outra é a da luz e sombra definindo um perfil na rotação do sol.

Na Margem e à margem existia um quarteto: Zé Bívar, o Juan, o Zé Maria e eu: existencialistas da arte talvez.

O Juan tinha sido encontrado pelo Bívar na rua de Santo António a tocar acordeon e a cantar “ o melhor da Música espanhola,

Passou a viver em casa do Bívar assim como o Zé Maria.

Encontrávamo-nos e o objectivo a atingir passou a ser o triângulo -Algarve, Andaluzia, Norte de África; roteiros duma poesia da claridade. Era urgente refazer essa ligação!

Um dia partiram três maganos para Huelva em busca dum bar que o Juan tinha notícias da sua existência e onde sabia acontecer tertúlias. Lá fomos no 4L conduzido por mim , mais o Juan e o Zé Maria.

O Zé Maria, precavido, preparou um belo cesto de verga entrançada com asa sobrepujando revestido de uma toalha aos quadrados vermelhos e brancos cheio de iguarias.

Chegados, a entrada em Huelva pelo lado sul estava ainda em bruto. Arrumado o carro e após uma pequena volta fomos merendar atrás dum prédio em tijolo vermelho num beco sem saída onde outrora fora um jardim, era fim de tarde. Sobre um pasto seco o Zé Maria estendeu ufano a toalha aos quadrados, colocou a comida em cima e despachou para cada um o seu quinhão. O Juan sorria que mal se notava e eu, perplexo, anotava com o olhar aquela cena de repasto campestre, revivendo pinturas de séculos idos.