quarta-feira, janeiro 16, 2008

Cultura Ibérica TRIBUTO 13

Em busca do Bar 1900 - 2-















Era já escuro quando galgamos as ruas abaixo e acima.

O Juan guiava-nos e fazia-nos entrar aqui e ali na esperança de encontrar o bar das tertúlias; num deles , porta adentro entramos num hall, depois subindo umas pequenas escadas ao abrir uma outra porta, um rasgão no escuro deixou-nos ver uma mancha de paredes e luzes vermelhas, dentro, aconchegados num sofá, uma rapariga um pouco despida adocicava o bestunto dum parceiro. – aqui não é, dissemos em uníssono.

Inconformados, perguntamos aos transeuntes; indicados, subindo ruas e mais ruas entramos numa sala iluminada pela luz fluorescente de lâmpadas agarradas ao tecto, de paredes brancas, vigas e colunas intrometendo-se caturramente no espaço, uma espécie de armazém dos novos prédios dos arrabaldes; um estrado encostado ao canto e uma assistência escondida pelos pilares, sobre a nudez do calor pares de cantores de flamengo aqueciam o ambiente; era uma “penha” e ai ficamos.

Só noutra ida a Huelva já com o nome do bar sabido, fomos encontrar numa das ruas, facilmente, o bar das tertúlias o 1900.

O Zé Bívar com a sua singular eloquência e conhecimentos artísticos, rapidamente estabeleceu contactos, conhecemos o Uberto Stabile poeta e impulsionador do projecto artístico do Bar 1900.

Ancorados nos espaços da Margem e do 1900, estabeleceu-se uma ponte que durante um largo período de tempo permitiu uma troca importante entre poetas, artistas plásticos, cantores, cineastas etc, entre duas culturas em movimento e desejosas de se conhecerem. Muitos eventos se realizaram; um deles, foi a publicação da brochura de poesia do poeta Fernando Esteves Pinto “Siete planos coreográficos” traduzido por Manuel Moya em Ediciones del 1900, nº 43.

Esta ligação quiçá amortecida nalguns aspectos, continua fortalecida no âmbito literário: o projecto Palavra Ibérica, a publicação da revista Sulscrito aí estão a dar continuidade, agora já não em busca do bar 1900 mas em busca de novas realidades.