
O copo sobre a mesa
desenho a grafite sobre papel 21x14.5 - 2021
Claridades
Há uma solidão na sombra da casa que me alegra ver crescer…
Tolda-me o vinho como uma serpente enrolada ao meu pensamento, e, daí uma
língua bífida golpeia seu anelar de vertigens em abandono e robusto prazer; é
um trilhar de suspeitas vozes e brandos cantares abeirados da macieza de
vocábulos e seus embustes, - ó língua bífida de contornos azedos e delicados
dedos, alicerça aqui o teu ventre no tempo dos arranhões performativos…!
Cicatriza todos os males e benevolências açoitadas pelos ventos insalubres nos
ângulos venerados de todos os tempos! bebedeiras de todos os instintos, um brado na concha da mão urge em simetria ao
silêncio, à violenta vibração do sonhar, ao calendário das incertezas; como mostrar o
ventre da linguagem na paciência temporal dos nomes, na imanência dos verbos
circunscritos na acção, ao acto feroz do movimento da língua na sumptuosidade
dos lábios ciciando como pestanas apaixonadas e cativas; os suores da neblina
dos sentimentos afrontando a circulação do sangue, vaza seus infortúnios de alegrias legendando as pulsações como sintomas da matéria agrícola.Há uma solidão na sombra da casa ladeada pelos segredos da inquietação.