quarta-feira, julho 13, 2022

modelações VI


O Zé Povinho - caixa instalação

 - madeira, pintura a tinta acrílica sobre papel,

vidro e castiçais com velas de cera - 80x65x25 - Anos 80

 

Vejamos o ocaso da textualidade insignificante! – talvez uma prosa metafísica, um denso e singular amor exercitando a exaltação do vivo e da morte; percurso de águas canoras, onde, crescendo vão lânguidas folhagens presas ao adeus do olhar, – arrazoados suspiros corporais; o fluxo do, – para além de tudo – adorna a aura trapezista no equilíbrio das esferas simbólicas, num contagiante gestual açucarar de café dourado, na chávena de porcelana translúcida, – não há invernos dentro da manteiga; os suspiros da serpente adormecem os incautos, esses criadores sonâmbulos das verdades dolorosas nos instagramas das vertiginosas drenagens; cruzadas contra o destino transparente das mortes eternas, como peixe na água sem pestanas, – alegria de asas abertas; tudo é mísero neste estar de moléculas ácidas e canibais, se puxo os braços para a imensidão residual do corpo minúsculo; os adornos da ciência são lamentações do vinho, obuses contra a dimensão do – tudo ou nada – sardinhas em lata de conserva sem pensos ou preservativos, – paciência com óculos escuros; nos labores da insignificância, a liberdade foi multada, porque exercia os seus direitos sem pagar os devidos impostos; tudo ficou suspenso num silêncio de náufragos amortalhados em papel acústico, por de baixo das ondas revoltas; a caridade andando de pés descalços sobre o ondulado das marés, apela à estridência da pele acesa, ao apagamento dos fogos esfaimados, soturnos e esgazeados em acelerada decadência muscular, – obuses da carência; um ázimo de ternura cresce surdamente entre os membros da comunidade, como chama na tempestade; baloiço de águas mornas no levantar da fantasia, soletrando os azedumes invernosos; pagando o dízimo necessário à conservação do enlevo, à regularização dos aromas vitais dos corpos em acção, o sussurro da mente apela à meta física da carne, ao consumo acelerado do açúcar na pele, aos ossos em contracção, ao amor convulsivo da soberania do poema; efectivamente, ninguém é choco-no-caldeirão, nem sequer bicho-aranha em suspensão, – é preciso a alegria da morte lenta; num vai-e-vem cabisbaixo, observando a imensidão do prazer nas esplanadas da cidade, o nitrato de prata do discurso aureola os joelhos das pernas assentadas sobre as cadeiras opacas; amor nada venal dos cidadãos encostados às plataformas do deixa-andar!- amanhã-será-outro-dia, encoraja o orgulho; escorregadela do amor-próprio sobre o tampo da mesa mostra o homem afortunado, dringando adoravelmente goles de pasmaceira sobre o próximo gesto-lagarto de –  a vida são dois dias! – as adoráveis flores embutidas nos calcanhares dos jardins de cristal, lançam os seus véus nostálgicos sobre os olhos da cidadania caminhante, instando, esta, à conservação da natureza naturada, como numa prece já ruída, apelando à abastança chuvosa; um longo olhar entre as nuvens e o chão roliço e molhado, um estalito de quebrar a árvore suspensa na gorda atmosfera, flui no gesto cansada, – espectáculo da fonte branca; nada há de mais cruel do que um fósforo ardendo na solidão! – eu não o quero, – cruzes canhoto!...elevemos a abastança ao nível da ossificação do sempre, – lenta harmonia da metafísica.