quarta-feira, agosto 03, 2022

modelações VII

 

 

 

  Construção cromática 

 Pintura a guache sobre cartolina - 23x18 Anos 80

 

Estou plenamente satisfeito! – o Wi-Fi  gera as ondas da minha alegria, do meu entusiasmo ofegante, mas efectivo, como o crescer duma abóbora no quintal dos meus delírios, a ternura dos açucares almiscarados ou o verniz do zodíaco da inteligência; uma esponja de desejos libertários educando-me na necessidade do existir mole e sem arestas vermelhas; – sangue da existência próspera; o logos chega na noite da multidão envolvente, da cigarra dos fogos-fátuos alvejando a dimensão do etéreo e irreal como o abstracto sonho das virgens nubentes, numa Primavera dolorosa; línguas de fogo rompem o silêncio noctívago clareando a imensidão do devaneio; - não há solidão nas estrelas; as vísceras da noite adormecem nos cânticos subtis do vozear nocturno, vogando na solidão dos astros os viçosos assobios dos êxtases da pele; toca-se na inenarrável manhã das sedosas pernas ao léu, que viajam na subtileza do Verão quente, com os olhos do café na chávena, como soluços dum viajante nas estepes douradas; ó glória dos nervos da carne rejuvenescida, no trem da angústia, como baratas nos currais da existência precária e dura; tange-se a melodia dançante das ancas sobre o acrónimo das pedras das calçadas, das luzes irradiando os berços irreais sobre o polimento e o verniz do bem-estar nas esplanadas; – abraços dos fantasmas da noite; estou plenamente, plenamentemente satisfeito circunscrito ao ovo libertário; andorinha viajante no supersónico avião; também, sem verdades incómodas, limpo o prato e devoro a salada, verdes que nos alimentam no amor pela vida fora, como relógios sem ponteiros; – ternura do algodão das cinzas; verdade seja, que o amolecimento dos nervos nos vidros de qualquer verdade limpam os olhares do longe, sangrando nos azedos multicores e informes os amuos da mente solitária; andando sobre as suas pernas, os ombros tocam nas nuvens pelo avoejar dos pelos duma angustia solene; ciclopes dum amarelo vermelhão soltam seus volúveis gritos rente à escuridão, numa soberba de sonoridades voláteis, aspergindo os dons nocturnos dos corpos brutos e puros; lá, nos altos da piscina do hotel, cumes sem nevoeiros, forjam a caricatura zumbi deste viajante ocasional, abocanhando o naco de bife de peru panado, e a batata frita, no benevolente andaime da repercutida evidência; – balanços do contentamento azul