domingo, março 31, 2024

modelações XXVI

 


 
Mecanismo de relógio

Desenho a grafite sobre papel

  61x43  Anos 70

 

Insinuando na mente a galga feroz da agitação, talvez um poema ávido de luar, ou a luz esbranquiçada dum cometa, o trabalho do escriba nas máquinas-flores, prende-se aos rostos da aventura, às pérolas formais do imaginário; sobre a desenvoltura dos gestos e da fantasia cresce um grande pedaço de glória na concretização dos impossíveis: – construir na raiz do prazer e na possessão da aventura, uma possível outra máquina com os cacos de engrenagens da sucata; doce prosápia de saber infantil, constelação frutificada de entusiasmos nas redondezas da praxis, certame de prendas nas algibeiras desfolhadas da alegria; a incomensurável leveza do andar incolor sobre as avenidas coloridas, mãos apaziguando as entretecidas lágrimas, quando os caloiros ofícios ainda não suportam os enleios da imaginação, – construir uma máquina de escrever, tão real, como a leveza da dor ausente; furtivo amanhecer entre as certezas dos ofícios e a alquimia dos gestos, momentos escapulidos nas garras daninhas da infância, como pedaços de aço atravessando o emocional vácuo; inculcados sobre a idade da grande fantasia as largadas efusivas dos cânticos, – remoinhos de buriladas emoções