Os arbustos da vida são selvagens; crescem-lhes as raízes entre o turbilhão das multidões; espreitam fervorosamente pelas luzes da abundância, e nas línguas de fogo do desespero morre-se carnavalescamente, e soterrado; o universo cospe-nos do seu mistério, mas também uma banana, um ouriço ou um camelo; neste impasse, estou presente como uma onda espicaçada pelo vento; vejo as nuvens e os astros, a doçura de um rosto, a postura arrebatada de um olhar; sinto os poços da maldição na linha duma mão, na outra, crescendo em vertiginosos encontros, encosto-a ao rosto do fulgente amanhã como a dança dos alegres insectos; há flores nas bermas que pedem sol, quando, devagar, passo a mão pelas suas folhas aciduladas; no armazém das farturas envolvem-se plásticos sobre as sementes; enrolam o nome das coisas numa densa atmosfera, -- poeira dos segredos; percorri os montes atravessando os ramos verdes, com a sombra despojada no terreno; um pássaro que cantava no ramo mais alto, não deu pela ocupação maleável desta presença, e o peso dos músculos que se agarram aos ossos, esvaídos nos inúmeros passos, cresceu em pânico; o pássaro viajava ao longo do seu cantarolar mavioso; parei; escutava; a clara luz que atravessa os montes embateu nos nomes das coisas como flor, folha, esteva, pedra; surgi dessa nódoa do tempo, que nos embala, com estas sílabas e vocábulos; notado que a luz soltava as suas lágrimas dos elementos da natureza, exortando-a ao abandono das trevas, despi-me de preconceitos e beijei o chão e os galhos, prendi um reflexo que se desprendia duma gota de resina; o cascalho soou na redonda atmosfera, e curvei-me, pois, na fecunda direcção do barro e das raízes; sujeitei pernas e braços ao esforço da memória que soçobra das palavras aditadas ao chão da natureza, -- ímpetos da bela fala; manobras feitas em direcção aos versos com flores e barro, formaram ondas de sensações, apelos sentidos por braços e pernas, como luz arrancando a pele, -- nem tudo o que o homem abraça são músculos da verdade; escutei o pânico que rastejava nos ombros quando se arrancam pedras e se constroem casas nuas e sem paredes, para habitar; um homem não sei donde, curvou-se à minha passagem, pedindo desculpa; não sei como fazer as malas para abalar para outro lugar, pensei; os mapas do mundo restam gaZeados, se extasiado passo as mãos pelo relvado.