sexta-feira, novembro 30, 2012

Mostruário de Títulos para Poemas

nº21

  para  poemas simples:


; algumas palavras escondidas no corpo alegram a febre do futuro;

Nota:
        é um poema concomitante com uma sinceridade absoluta do poeta, de tal modo que, o poeta, prostrado num estatismo de águas de sal,  não deve escrever nada,  deixando a página em branco.








quinta-feira, novembro 22, 2012

Anos 90

41x33
9/ XVIII


33x27
8/ XVIII

O Alguidar de Plástico
Painel - Percepção do Objecto
Sub painel - Percepções  Cromáticas do Objecto 
41x33
7/ XVIII

terça-feira, novembro 20, 2012

página móvel com texto fixo

101º  parágrafo

... sou ainda eu, hoje, quando no tempo da memória, antes da palavra, aflora o pergaminho intacto a desenrolar na alegria incrustada das romãs abertas à chuva e ao sol.
- sou eu, hoje, quando ignorante do peso das palavras saudava a chuva porque era chuva, o vento porque era vento, e nada disto  era possível escrever.
- sou eu, na raiz dos laços, limpando a cara  ao vento, que faço tremer a palavra sacudindo as vogais da voz na harmonia sonora da água dentro das cisternas para que de mim, se lembrem, nas paisagens dos livros.
- sou eu , na amalgama das coisas, na possibilidade de ser, e depois, não ser, penso.
20.11.12



100º parágrafo

...  amei tanto!,  que fiquei com azia no pénis; fui ao médico, disse-me: - não te incomodes, é apenas o resultado duma  ligeira atmosfera ácida na combustão dos sentimentos.
13.11.12


99º  parágrafo

... interroga o vício, se a leveza do amor suporta o peso do corpo? 
12.11.12


98º parágrafo

... a pele da terra e a pele do corpo são dois  planos  paralelas convergindo no infinito, penso.
11.11.12


 97º parágrafo

... que dia cinzento na brutal imensidão, no aperto das horas! - pingos de água soletrando o vazio das palavras no chão; - talvez um fio de luz num horizonte perpétuo esmague o oculto nos confins do império. Negócios abrasados de solidão e vergonha incendeiam o silêncio dos ouvidos; uma luz iluminando os campos que rasga os contornos das árvores e dos  objectos, bate-me nos olhos, - subtrai ao espaço qualquer ironia subtil, filtra os açougues dos actos nervosos;- é uma maré viva de espelhos! -  é o dia pleno em que as árvores bebem nas raízes os sonhos a levedar. 
Cantam soleníssimas  vozes a verdura dos olhos; talvez? não. Sim.
Todos os impérios naufragam um dia nas ondas da solidão.
04.11.12 


96º parágrafo

... sobre a terra húmida dispo-me de inquietos passos, respiro o limão do sol e estou na soleira da terra, entro nos aquedutos da luz, soletro, vou, nos auspícios da voz, penso.
29.10.12



 95º parágrafo

... havia heróis de crinas estridentes que badalavam chouriços gordos nas festas dos cidadãos; estava-se na época duma liberdade  convencionada em grandes sinfonias de cifrões e promessas vitalícias ganhas, em forma de rifas, na vida diária de cada um; isto foi num tempo rasteiro, quando a névoa trazia o horizonte em forma de lavagantes para ao pé dos joelhos das gentes, penso.
21.10.12


94º parágrafo

... a liberdade compro-a na mercearia,depois entrego-a à imaginação, penso
19.10.12


 93º parágrafo

... a arte abre o homem  ao mundo, penso
08.10.12


92º parágrafo

... constatava um filósofo na sua já provecta idade: as palavras resultam da fornicação do Sol com a Noite.
07.10.12


91º parágrafo

... a onda é única mas o mar é só um, assim o individuo no longínquo ser, penso.
02.10.12


90º parágrafo

... a razão de ser do poeta é um longínquo abraço dado ao pão de cada dia, penso.
01.10.12


 89º parágrafo
... vibrações duma cisterna corporal, as palavras são como os alcatruzes, mergulham na profundidade das águas do corpo e sobem na leveza da sonoridade e do sentido que trazem, penso.
12.08.12


88º parágrafo
... Há silêncio na boca do mundo, dizia o poeta, envergonhado por ter de falar alto.
10.09.12



87º parágrafo
... a verdade concreta do amor deve ser igual à verdade abstracta do mesmo, penso.
29.08.12

86º parágrafo
... O cão fez  âo  âo e um diz que morde e outro diz que não, instalou-se a confusão;  para um poeta  transcendental  a situação é irreal pois que cão não existe e isso é que é o assunto , afinal; diz o poeta filósofo transcendental  que só na mente ,residual ,  existe a  palavra cão e outra coisa não para além da sombra da dita; isto meditava eu quando em argumentos vai e vem  o cão , se é que existe, mijou na perna  de um contundente  que ao sentir a perna quente deu  um safanão inoportuno ; será que o poeta filósofo transcendental sentiu a violência de tal, no cão palavra da mente ?  pensei  sem conclusão: - talvez  o chão  se agitasse  e de medo mentalmente o cão mijasse  na mente do poeta transcendental  e  o “ h”  dorido  tenha feito algum ruído,   ão  ão  entendido,  nos contundentes   em questão.
 O chão que dá uva bonita  quando o sol puxa pelas orelhas da água que nele se agita, aqui nesta  peleja,  ao “h” que nele habitava,  ao sentir  tal mijadela  enterrou-se profundo nela  e o  c”h”ão  ficou sem trela...
26.08.12

85º parágrafo
... será que um espermatezoide sem energia é um paraiso da guerra sem sete virgens no além!...
15.08.12

84º parágrafo
... o olho pendurado no ecrã, noventa canais sem luz, ou talvez mais um; alimento a memória com a alegria do sol na fachada soberana. será que um navio de emoções abre uma janela ao silêncio!...
04.08.12

83º parágrafo
... escrevo o corpo com o sentimento de que existo e fico perplexo, preso ao rochedo, no abismo das palavras e na transparência da pele, penso.
27.07.12

82º parágrafo
... há uma miríade de actos que para mim são puro nevoeiro, nevoeiro como "tripas à moda do Porto", penso.
26.06.12 

81º parágrafo
... será que, na infinita verdura dos tempos nasce um amor em cada folha? será que, abraçado à saudade posso viajar? será que encostado ao teu sorriso continuo existindo assim sufocado pelas ondas?
14.06.12

80º parágrafo
... espreita-me a palavra por entre o olhar do sol, e eu abandonado às circunstâncias várias - um pão encima da mesa, um avião que voa no horizonte efémero, uma batata ainda verde no interior da terra, um querer qualquer soletrado na mental imagem - percorro na sombra a virtual penetração dos membros; será que?...
20.05.12 

79º parágrafo
... com letras adormecidas sobre um papel inerte diz o jornal de hoje o mesmo que o de ontem - e, o de ontem diz o mesmo que o do outro dia - de modo que enquanto não há novidades arrancadas ao chão do dizer o jornal diz o que eu já sabia, penso.
05.05.12

78º parágrafo
 ... a matéria não existe no tempo ou dentro do tempo, ela cria o tempo, produz o tempo do devir e da imanência de si, nos confins do universo ou aqui; o meu corpo produz o meu tempo, tempo único e insubstituível, penso.
 29.04.12 

77º parágrafo
... entre o vivido e o pensado há um vazio de não ser, sou eu aí emprestado ao volante do que há a haver, penso.
26.04.12

76º parágrafo
... talvez antes do antes tenha havido um antes de, e na perpétua flutuação do que é, eu tenha estado sempre aí, penso.
17.04.12

75º parágrafo 
... toda a palavra é mineral, entre o chão e o palato, consuma-se no seu ritual, dá de mim o meu retrato, penso.
15.04.12

74º parágrafo
... a palavra transcendente, transcendendo-se acima de si, nela vejo somente o meu querer sem fim, penso.
14.04.12


73º parágrafo 
... A fraqueza da palavra, na sua substância abstracta, é reflectir-se num espelho, onde o nitrato de prata, transforma-se em níquel-dinheiro, penso.
13.04.12

72º parágrafo 
... O Cardeal disse: -ninguém pense em dominar os mercados;  Deus que tinha acabado de arregaçar as mangas para mais um dia árduo de trabalho no seu infinito labor, murmurou: -pressinto que vou morrer..., penso. 
12.04.12

71º parágrafo
... na vida junto ao chão, ligeiramente acima do restolho, liberto a imaginação, subo acima do ouro.
06.04.12

70º parágrafo
... no espaço, de virtudes prováveis, oscilam arbustos e os frágeis ramos das árvores, os ventos rasgam-se na comunhão de abraços violentos e despem em sons a memória das árvores, - celebram o vazio dos tempos? notória é certa vaidade ululante  nas copas com presságios de tempestades. a infracção maior é não saber onde nasce a algazarra, penso.
26.03.12

69º parágrafo
... aquelas nuvens, corpos de massas brancas multiformes, distantes, navegam na atmosfera no quase não peso, subtil força de ascensão, movem-se silenciosas ou provocando um rumor de silêncio na minha imaginação; o peso da imagem enche o olhar, estou dentro porque as vejo e vejo-as porque estou fora. Aquela nuvem,   testemunho deste silêncio quase absurdo - meu braço estendido sobre a mesa a mão no horizonte do verde - aquela nuvem despedindo-se do olhar numa cortina de vidro, sem peso que se veja, virilidade de aço na finura de algodão, presença irreal na álgebra do pensamento, sonho de pedra e sem água voando nas curvas do céu com um rigor de frio, despede-se ao olhar estrangulado da mão seca entre a palavra que sinto- nuvem- e a nuvem que se desfaz no horizonte da palavra.
22.03.12

68º parágrafo
... à ilharga do destino com  sabor a café é com pau de canela que agito o futuro, penso
17.03.12

67º parágrafo
... cabisbaixo como pão e as letras saem-me da cabeça voando sem direcção;
pela época do figo maduro, presunto e água pé, as palavras regressam ao fundo trazidas pela maré;
soam vozes no entendimento na loquaz sensação; - as palavras vão-se abrindo, não vivo em contra-mão.
12.03.12

66º parágrafo
... nunca soube o que  na escrita é um "artigo";  para mim são aquelas palavras pequenas que se colocam entre as palavras grandes, e, se me perguntassem - o que é um "adjectivo"? - diria: - isso é uma espécie de manto ou véu brilhante que se põe por cima das palavras - e porquê? - ora, porque as palavras às  vezes têm frio outras vezes têm calor, penso.
07.03.12

65º parágrafo
... cavo no solo o sintoma da palavra ardente,
 a razão apodrece, se,
no halo do instante o corpo não vibra como testemunho original, penso.
04.03.12

64º parágrafo
... súbito a voz embarcando no silêncio do poema na tranquila paisagem absorve o corpo para o seu interior;
a manhã emerge no solo,  antecâmara da pele.
- se mexo um braço em direcção ao crepúsculo, chove -
é a voz aninhada no nada que me acorda, abre um horizonte de febre uma espécie de pavão a arder no corpo carne. Bebo  umas colheres de Sol-charope e curo esta gripe mental.
27.02.12

63º parágrafo
... é bom não esquecer que a adjectivação irrompe sempre da fraqueza da escrita, penso.
19.02.12

62º parágrafo
... Mitologias de inverno; - a luz escondida do sol na transparente atmosfera orbitando  o habitáculo de verde cinzelando oxigénio. Pela luz vou ao invisível na escondida luz do sol, penso.
09.02.12
 
61º parágrafo
... quando a palavra voa e se estilhaça de encontro à pedra soa um labirinto de vozes cingidas ao coração da matéria, penso.
02.02.12

60º parágrafo
 ... a solidão, a presença da não presença de algo em nós, a morte viva a gratidão do absoluto, penso.
21.01.12
 
59º parágrafo
... é possível dizer de qualquer coisa sem dizer de mim?
12.01.12

58ºparágrafo
... Quando era moço tive uma explicadora, não sei já em que disciplina, que numa conversa casual com os explicandos perguntou aos ditos e a mim: - também pensa que a mulher não é tão inteligente como o homem? Ao que eu respondi – metade, insistiu e eu voltei a responder o mesmo. Estávamos nos anos 60 do século passado. A professora fez um gesto acabrunhado e calou-se.
Fiquei a pensar naquilo e cheguei à conclusão de que tinha dado uma imagem errada do que queria dizer; ao dizer “metade” referia-me à unidade como representante do homem e da mulher, logo “metade” seria igual ao homem, pois este era a outra metade.
Passados 50 anos ainda guardo esse remorso na minha consciência, pois nunca mais tive ocasião de desfazer o equivoco.
02.01.12

57 parágrafo
... Produz-se uma arroba de batatas e  imprime-se uma nota de valor correspondente, as batatas desaparecem, comem-se, o que deverá acontecer à nota? Extrai-se petróleo e imprimem-se dólares, o petróleo é consumido,  deveriam essas  notas serem retiradas de circulação senão temos  a inflação como resultado natural desta incongruência; nesta situação querer reduzir a inflação  aquém desta disparidade é como se quisesse-mos desmaterializar a matéria, continuar a produzir moeda sem ter em conta a produção efectiva é desmaterializar toda a economia, temos então uma economia virtual, penso.
20.12.11

56 parágrafo
O, sol, palavra
O, Sol, astro
O, sol, abstracto que para dentro da palavra arrasto.

E o, Sol,  na memória do vento procurando desvendar o seu intento!
E o, Sol, com a razão de ser abraçando o ventre do meu ver!
E o,  Sol, que de cinzento não tem nada
 iluminando a palavra sol  numa madrugada alada!

-  a poesia não tem data
não tem assinatura
é  procura do ser
e  sua abertura. –

e o, Sol, só Sol
com razão ou sem ela
abre na imensa natura
uma maior janela.
07.12.11 

55º parágrafo
... escrevo com o delírio sepulcral :
destino sem fronteiras e motivo da palidez dos dias, senda de inválidos labirintos, cunha travando os oceanos;
escrevo sem letras estas letras na deslizante sensação de existir.
Escrevo na manhã exótica um romance de água com o brilho impróprio das naufragadas palavras.
Incrustado no vento tento soprar na árvore do tempo.
ZERO de FULGOR, penso.
30.11.11 

54º parágrafo
... de longe o rio da memória corre sob a sombra das palavras: - de manhã, em jejum, ainda somos todos ligeiramente amigos;
sossego o coração com um empréstimo à tristeza; A solidão enrola-se numa manta de fome,
nas alturas da voz o absinto da verdade pólvora dos nervos a explodir.
Sem saudades mando esta carta ao futuro, penso.
11.11.11
 
53º parágrafo
... procuro na palavra o espaço de plantar a árvore, penso.
10.11.11

52º parágrafo
...há, neste tempo, uma casca de metal revestindo os dias que não deixa a embriagues do vento soar, penso.
02.11.11

51º parágrafo
... Estendo a perna e sobre uma réstia de luz pesando no joelho, interrogo: - estou vivo para quê?
26.10.11 

50º parágrafo
Havia uma angústia de cemitério , contradição ferroando pequenos sentimentos, quase um caos profanador da unidade necessária, e,  isto impunha-se  aos dias de vida como uma rosa de  pétalas de espinhos.

- Eu expandia-me e o Universo contraía-se?!

Esta palavra quando pronunciada neste sentido empurrava a minha compreensão  para um   abismo  silencioso, havia qualquer coisa no ar de que o meu corpo todo se ressentia,  metade daquela palavra parecia estar  escrita ao contrário e  obrigava-me  a rodar  de pernas para o ar.

Afinal o Universo todo se expande!

 E  que alívio isso me dá, como admiro toda esta sincronia planetária  onde o meu eu não esbarra com contextos  duma linguagem burocrática, penso.
10.10.11


49º parágrafo
... pela manhã cheguei ao restaurante e tirei as sandálias para chamar o empregado:- Sente-se onde desejar, há muito que os fregueses nos abandonaram; Deseja!.., quero, duas-palavras-inteiras o saleiro e um café bem quente.
- O Senhor é filósofo!...comentou o empregado em tom de pergunta com uma delicadeza compreensiva.
-sou um poeta descalço, pela manhã sou apenas e ainda  meio-poeta degustando duas palavras inteiras ao pequeno almoço, peço sempre sal no caso de mas servirem insossas; - disse um filósofo que abordava a questão existencial pelo lado do misticismo  das palavras que   procedendo assim todos os dias um dia seria um  inteiro poeta.
saí e não me lembrei das sandálias. Já na rua observei com os meus botões: esta conversa pareceu-me não ter oxidações  ferrugentas, além disso não quero engordar, penso.
02.10.11

 48º parágrafo
... palavra inaugural é quando o universo se liberta  do "ponto final", penso.
21.09.11

47º parágrafo
...  os poetas escrevem com palavras vivas mas a  diária realidade alimenta-se mais de palavras mortas, penso.
17.09.11

46º parágrafo
... Perdi a existência por não ter escrito.

Estou vendo duas palmeiras, colunas de pedra rústica, um vale espraiando-se  em espaço  aberto até um mar ao fundo.

Imperador Romano, diria; - abraço esta Terra Minha com a espada reluzente, coloco nela as minhas colunas, a minha esquadra o meu jardim!

Faraó, na sua glória de Sol acrescentaria esta dádiva mais à sua pose Divina.

Sobrevivente das Cavernas pisaria a Terra com as Colunas  ainda  em sonho e diria: - o que é isto que me rodeia tão perto e tão longe?

Dito e escrito isto, sinto porventura que continuo existindo perante a exuberância das coisas o silencio do espaço e o vento cingido às copas das árvores, penso.
08.09.11


45º parágrafo
...o copo côncavo agudiza  ecoando na palavra  no som de copo, o som soando soa o corpo, o corpo copo  soando soa o côncavo copo, penso.
23.06.11

44º parágrafo
... quando entrei naquela casa todo o espaço estava cheio e leve, havia qualquer coisa de subtil na atmosfera que subtraía o peso aos abjectos, penso.
13.06.11

43º parágrafo
... o espaço é o lado visível do tempo, penso.
 03.06.11

42º parágrafo
... é aqui na magia do encontro do ser colado ao dia, com o olho nu da ternura, que abrigo este querer de querer a palavra e o corpo inteiro. Sólida razão. Caminho sem reservas do dia completo, de musas abrigadas nas cascas dos caracóis; é aqui que estou, onde a terra acaba e o corpo começa e as árvores crescem em sílabas palavras em local com corpo e marés, constelação de pedras, em redor do silêncio, é aqui que estou.
24.05.11
 
41º parágrafo
... busco na memória antiga o que no silêncio das veias outrora fecundava a terra, penso
02.05.11

40º parágrafo
... tirar à cal da parede as palavras sem resíduos é saber que o dia é vegetal, penso.
05.04.11

38º parágrafo
...perscrutando o futuro com palavras ainda sem corpo, não mais do que buracos no tempo obtemos, penso.
20.03.11

37º parágrafo
... de todo o pensamento e cultura grega clássica o mais importante do seu legado é o ter desvinculado o pensamento da crença e ter colocado lá a permanente interrogação, penso.
04.03.11

36º parágrafo
... não estamos no "fim da História", estamos sim no fim do não à História, penso.
 23.o2.11

35º parágrafo
... se não fosse a realidade que se transforma para que serviam as palavras e os muitos sentimentos?
18.02.11

34º parágrafo
...estou pensando, mas o que acrescento são buracos ao universo, penso.
11.02.11

33º parágrafo
... haveria peixe se não houvesse mar, e poderia eu existir se não houvesse universo?
 03.02.11

32º parágrafo
... para  forjar  pensamentos  tenho que  alimentar o cérebro com carvão em brasa, penso.
13.01.11

31º parágrafo
... será porque o sol não se vê a ele que cada um de nós irrompeu da escuridão, para o ver, penso.
01.01.11

30º parágrafo
... só depois de morrer vou acreditar que morri, até lá sou eterno, penso.
10.12.10

29º parágrafo
... uma sociedade que necessita de tanta "vigilância" é como um corpo doente a sobreviver  à custa de  antibióticos, penso.
27.11.10

28ª parágrafo
... O fim de semana passado estive acampado, que tal! até rima; passei aí perto de ti se é que estavas aí, e esta que continua rimando! fui parar a Aljezur estrear a tenda ligeira que se abre numa brincadeira o pior foi que do céu caiu água como da torneira e a tenda quase ia indo parar à ribeira e tive que dormir no carro mas tudo passou sem percalço de monta e estou de volta para te dar esta notícia quase tonta!
04.11.10

27º parágrafo
... Hoje é terça e há um rastilho de domingo ainda por incendiar  um sol que nutre o silêncio uma voz que abre o corpo um destino nas palavras por dizer; hoje é terça  e ainda é o sábado na madrugada de domingo quanto o crepitar terno e são de;  quando o sol olha as flores para dentro de elas e me interroga; hoje é terça quando ainda quarta se aproxima emboscada numa luz em gritos e terna combustão de mim.
12.10.10

26º parágrafo
... quando o amor se abre entre as pernas as palavras ficam vermelhas, penso.
23.09.10

25º parágrafo
...vivo,com o corpo entre parêntesis, ao lado do infinito, penso.
03.09.10

24º parágrafo
... ontem, disse palavras com os olhos, e elas ficaram no espelho, coloridas.
23.08.10

23º parágrafo
... intempéries absurdas no horizonte desfilam diante das rosas do jardim, penso.
15.07.10

22º parágrafo
... escrever é um exercício infindável de musculatura e sorrisos brancos.
22.06.10

21º parágrafo
... devemos ao sistema financeiro a chuva, rigorosamente, pensava eu quando não chovia.
03.06.10

20º parágrafo
... quando sonho não serão os meus braços que estão pensando?
24.05.10


19º parágrafo
... hoje encontrei o silêncio debaixo do travesseiro, onde havia ruídos de ontem.
13.05.10

18º parágrafo

... estava eu no café, procurando entender o mundo, saboreando as dádivas da natureza com a alegria do sol que ora se esconde ora aparece, pensava:
-a Luísa está sem casa, será que a chuva esburacou tanto as telhas que , coitada, deambula agora em algures? isto pensava eu quando escrevi;

" diálogo com uma palavra":

-òh palavra, que dizes tu?

a palavra:
- eu não digo, tu é que dizes!

- se não dizes tu, o que digo eu, palavra?

a palavra:
- tu não dizes nada, porque eu é que sou a palavra!


A olhar para o tampo da mesa fiquei pensando:

vou escrever um livro de poemas, talvez um só poema e dei-lhe um título, " abstracção do poema abstracto",

seria assim :
as vírgulas de pernas para o ar entram no poema como a chuva no terreno, etc etc.

e:
cada vez que um amor se encontra pendurado nas pernas duma abelha, vem o sol em grande algazarra burilar os buracos do vento,
etc etc.

ou:
agora que o espaço se abriu de encontro aos joelhos da montanha que fazer com a alegria que as palavras têm no ventre, etc etc.

quando pensava que tinha encontrado um rumo para o poema, apercebi-me que de há tempos para cá, desde que comi brutamente um pedaço de chocolate preto, uma ligeira agonia subjaz pesando no pensar como se tivesse engolido sal a mais.

enfim, tomei tudo isto por vontade de escrever apenas, arrumei as coisas e vi-me embora.

um grande abraço e até breve.
18.04.10


17º parágrafo

... que cão me mordeu, foi aquele sapato de marca!
09.04.10

16º parágrafo
... em crepúsculos de intimo olhar moram as palavras a nascer
30.03.10

15º parágrafo
... são como fósforos acendendo-se na mente as palavras que nascem involuntárias.
03.03.10

14º parágrafo
... quando penso estou eu dentro do pensamento ou está o pensamento dentro de mim?
10.03.23

13º parágrafo:
... se mexo um braço na viva voz do tempo, construo um saber antigo que a mim me foi dado.
10.02.10

12º parágrafo:
... eu penso o universo, mas pensará o universo em mim?
01.01.21

11º parágrafo:

... com o Sol ao centro e a Terra a entrar em nova elipse saudemos o corpo, a sua casa e as nossas vidas.
01.01.10

10º parágrafo:
... se eu pudesse viver sem palavras lambia os calcanhares e adormecia, penso.
18.12.09

9º parágrafo:
... prosélitos afâs de minúsculas palavras invertem a ordem dos chouriços gordos,
pode
ler-se no pensamento de minorias loucas.
12.11.09

8º parágrafo:
... pensando ou não sou sempre mais do que eu mesmo.
07.11.09

7º parágrafo:
... rasgar a pele com uma palavra, - eis o que penso pensando em escrever, se pensasse ser poeta.
04.11.09

6º parágrafo:
... bem cheirosos pensamentos advogando
entre Lisboa e Gorjões em viajem, com conversas de merda falando.
30.10.09

5º parágrafo:
... representação teatral com um só acto, uma só cena, uma só fala e sem actor;
voz fora do palco:

- , aqui só entra o outro!...

Frase repetida em todas as línguas e em todos os idiomas
23.10.09

4º parágrafo:
... entre a matéria e o meu pensar há um vazio, o qual nomeio-o eu de - "o grande pensamento"
15.10.09

3º parágrafo:
... por vezes, é na sombra das palavras que penso.

2º parágrafo:
... pensando bem, nunca pensei nada.

1º parágrafo :
... estou pensando que poderia pensar, mas não penso o que me deixa pensativo.


sexta-feira, novembro 16, 2012

Mostruário de Títulos para Poemas


nº20

  para  poemas simples:


; a bandeja do tempo na mão do agricultor...;

Nota:
        poema para  escrever com as mãos sujas; o  poeta não deve lavar as mãos dois dias antes de escrever o poema, deve ser uma escrita apenas de marcas, sulcos, no papel. 



quinta-feira, novembro 15, 2012

Mostruário de Títulos para Poemas



nº19

  para  poemas simples:


; mesmo sitiado por um nevoeiro abundante tenho um horizonte sem grades;

Nota:   
        este poema é duma iminência catastrófica, não devem ser usadas palavras como,  mel, açúcar, batata doce; na formulação poética as palavras serão indistintas, tanto poderão dizer hoje como amanha, por ex. - ontem comprarei, ainda que não tenha havido, um cacho de bananas. 




terça-feira, novembro 06, 2012

Anos 90

41x33
6 / XVIII

41x33
5 / XVIII

O Alguidar de Plástico
Painel - Percepção do Objecto
Sub painel - Percepções  Cromáticas do Objecto 
41x33
4 / XVIII

quinta-feira, novembro 01, 2012

Mostruário de Títulos para Poemas


  nº18

  para  poemas simples:


;no destino das palavras converge o passado da vida;

Nota:  
         o poema deve ser não de palavras mas em torno da memória de palavras, por exemplo: pão, não é "o pão", mas aquele dia em que na trincheira  um soldado comeu um rato; amor, não é " amo-te", mas a sombra que a minha mão fez sobre a tua naquele dia em o silêncio pairou sobre as nossas cabeças, etc.