Querido
pai e querida mãe, hoje estou sangrando de emoção porque estou vendo aquelas
coisas que não sabia que existiam, são bonitas a valer, pois vejo que elas são
paisagens e retratos muito bem desenhados e pintados que tantos pintores e
desenhista fizeram por esse tempo fora, é coisa de admirar. Eu gostaria de ser
igual, mas não sei se consigo, todos os retratos são tão bem feitos que fico
admirado de ser possível que alguém os fizesse, gosto muito de ver as pinturas
que os livros trazem em estampas de cores em folhas de papel grosso mas muito
liso que dá gosto apalpar. Estou contente por estar nesta escola, eu não sabia
que havia escolas com moços e moças todos juntos nas aulas, gosto muito de
estar com eles nas salas onde temos aulas, temos aulas de desenho e pintura
também de modelação e desenho de ornato e desenho de letra, gosto muito de
desenhar e pintar. No recreio as moças ficam os moços chamam o galinheiro porque
é lá encima nas escadas e tem um alpendre onde elas ficam nos intervalos e os moços
ficam cá em baixo falando uns com os outros muito. Estou mesmo admirado desta escola
e não sabia que havia escolas assim tão alegres com professores muito amigos dos
alunos, na aula de pintura desenhei e pintei uma romã com os bagos à vista que estava
aberta ao meio que os outros e o professor ficaram admirados, pintei os bagos todos
um a um com a cor vermelha que têm, fiquei todo contente de ver que ficaram admirados
pois eu gosto muito de desenhar e pintar e fiz o melhor que sabia fazer. Quero que fiquem bem.
quinta-feira, janeiro 04, 2018
quarta-feira, janeiro 03, 2018
Poesia
GAZETA DE POESIA INÉDITA
23
Jun18
ADÃO CONTREIRAS - NO GRAVE SOCALCO
No grave socalco
embandeiram as nobres flores
entre o ser e o seu nó côncavo
o amarelo limão oscila
adormecido na tristeza oca
embutido de raízes
velhas âncoras
o sólido degrau cai
as pequenas hastes velejam
cântico balançado
loucura gracejando ao vento
de nervosa angústia de água
calculo a verdade do tempo limão
que me leva da raiz à flor
na aziaga nudez do fortuito amarelo
brinda a culminância das núpcias
o dorso da inquieta penetração da luz
o lume, o incêndio moço da vegetação
debruando a orla das muitas pegadas
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