sábado, março 28, 2015

os corredores habitados



a praia
caixa de ressonância
onde corpos vestidos
de sua pele
passam

uma perna solta
que desliza sobre 
no profundo mar

um braço
antebraço
de sol e sombra
mais gesto que abelha

gente
no grito amanhecido
em delicadezas dos encontros

- e a sua menina, como está...?

poeira de sorrisos
alicerces de vozes 

esquecidos do absoluto
na chatice de tanto...

areia
água pelos joelhos
e já está...
 mergulho

 nos corredores
do esquecimento






sábado, março 21, 2015

O algoritmo da palavra

xv

um delírio de neve
esculpe nos nervos
ondas de alegria

é néctar no baloiço
nirvana
desnudando  átomos adormecidos

solene cântico
de puros matizes
no escondido verde

grata aventura
nos ecrãs do verbo



sábado, março 14, 2015

O algoritmo da palavra



XIV

exaltados de um 
fervor linguístico 
brotam palavras
no chão hóspede de sons

não silêncios
de voz suspensa 


prosadores duma fé canibal
poetas encurtando caminhos

desespero
de um embriagado  amor





terça-feira, março 10, 2015

O algoritmo da palavra

XIII

viajo no chão
e no rosto das palavras

o lugar do costume
onde se abrem janelas ao meu alcance

no corpo
os veleiros da noite
adormecem

a tensão dos músculos bate à porta:

“olá!! estás por aqui
com o sol nas narinas?...
viajante do sal da terra!


segunda-feira, março 02, 2015

O algoritmo da palavra


XII

as tiranias da carne
vestem-se de palavras doces:

sacrifícios para o alem
amor eterno
musica no coração

despeço-me dos lençóis em que te vi
onde juntei algemas ao teu olhar,
mostram peles sedosas
os vestidos azuis da solidão

sabe a canela 
a saliva dos teus beijos,
longe de mim ou de ti
não há eternidade que se veja

Ó bládi.... ó bládá....

crepúsculos de ferro
levam criancinhas aos céus

ó  bládá...ó bládí

obscurantismos vinculadores 
soterram as luzes engalanadas

com a banha de porco
untam-se notas de mil euros

(saibamos que o javali
não é mineral)

chorei lágrimas sem fim
quando perdi a virgindade

ó bládi....ó bládá.... da palavra