Parto, nesta mão que tecla, na viagem para o outro
lado; cada tecla, cada letra é um caminho, a porta aberta ao universo das
paisagens, à regular agitação dos nomes, - vou pelo, v, em viagem; pelo a, em adeus; pelo, l, ao longe; o – a, é ainda o agora do – p que parte, do – o e l que assoma do - outro
lado; caminho pelo som da música em que me oiço em cada soletrar manso no bater
das teclas; l, de liberdade; f, de família; a de amurada; n, de nuvem, nuvens
na vã tristeza da tarde esmorecendo; - mas a nuvem não é triste… é o manto
colorido, a morrinha solene na tarde em, - dia que se esvai; a esplanada
cinzenta do olhar onde fímbrias de sedosos alaranjados morrem no – l, ao longe
do teclado, já na distinta dobra da penumbra dos montes, acendida a leveza
húmida do deslizar dos dedos sobre a pele rugosa do laranja; n, - da noite; l,
lado oculto da várzea à palma da mão, quebra arredondada deste horizonte
literal e quedo de q, - que quero disperso e sentido
terça-feira, fevereiro 28, 2017
domingo, fevereiro 26, 2017
ao espelho
ao espelho
V
ao espelho no horizonte do teu perfil descobres o rasto do desconsolado verbo
teu irmão nativo acossado pelas desventuras do medo
ao espelho teus olhos invejam as sedutoras planícies do esquecimento
frescura de raízes sentimentais no apocalipse dos astros e da miséria
ao espelho aguarelas de saudades mortas deixam consternadas as tuas pupilas
VI
ao espelho pelo
itinerário do infinito reflexo da tua presença sulcando teu olharquadro petrificado pelas perguntas do teu carácter às verdades soltas por realizar
ao espelho odores da tua pele escurecem enfermidades de outras peles
ao espelho nos ombros dos teus pensamentos interrogas a escuridão dos cantos desta casa
vinculas a distancia do teu pensamento ao silencio da tua imagem ali
ao espelho ouvem-se as citaras do teu olhar quando naufragado no vidro incorro na desordem
VII
ao espelho as
palavras estão do outro lado do lado outro estão palavras as do espelho aoencontro dos seus resíduos mortais palavra de pão dada aos olhos no espelho do teu aquário esqueleto o esqueleto no espelho devorando teu olhar na quietude singular do desalento teu ao espelho quietude de címbalos no olhar margens desta ficção teu dizer em argolas ricocheteando presságios ao espelho
sexta-feira, fevereiro 24, 2017
domingo, fevereiro 12, 2017
ao espelho
ao espelho
I
Ao espelho
ouvem-se as citaras do teu olhar quando naufragado no vidro incorro na desordem
no realejo os
cantares desesperam quando roucos os címbalos roufenham e assim viajo
do vidro digo a
sua ausência a pequena loucura aglomerada no vértice do lugar
do lugar ausento
os segredos refulgindo em esconsos armários
II
ao espelho
ouvem-se as citaras quando naufragado no vidro incorro na desordem do teu olhar
guerreiro e
arrebatado corro atormentado nas caves dos nossos espelhos
no planalto
adormeço violador dos espelhos de
Epicuro
III
ao espelho
ouvem-se as vozes alongadas das franzinas crenças soltando-se do teu regaço
nas esquinas do
perfume profanas o vazio da tua voz com segredos sem memória
doutas datas no
patamar da sabedoria derramam evidencias sobre os vidros espelhados
IV
ao espelho
aguardas ver o teu silencio soltar-se do teu rosto
no teclado dos
teus desgostos atrás de ti suspenso viajas nos vidros
janela que me
prende ao chão de todas as palavras soltando-se dos nitratos da desordem
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