quarta-feira, agosto 26, 2015

os corredores habitados




A flor no vácuo


O sol roça-me pelas costas do viver, - é tão agradável! – a usurpação dos medos onde a pele acaba e todo o éter começa – haverá saudade tão grande como as esporas que açoitam as glândulas dos ardores? – bem te digo, ò amor esclavagista, que as badaladas do dia ressoam obesas de vida, sangram noites ávidas de açúcar, ladram aos cometas de amanhã; bem te digo nesta crispação sem espaço que a velocidade que abarca as esferas treme enlaçada aos meus desejos e o ventre solene de tudo isto é a minúscula voz que esbraceja devagar.

Não há virgula no entendimento que me abrace perto ou longe de religiosas bênçãos, caverna de mistérios, sim senhor – os enfados sertanejos embebedam-me de vaidade mas as pulcras vozes rastejam solenemente. 

Habito o sol sem deslumbramentos, a minha mão adormeceu ao sabor das vitórias sem datas  avisa-me a Terra verde, e eu despido das vestes cruéis abraço a embriagues poética vendendo saudades ao desbarato – sou poeta tão grande que venho dos mares de sombra para a rudeza dos torrões agrícolas; - nem mar nem terra, apenas o enterro que me espera como a verdade abismada de me querer bem com o suor roçando as trevas.

Eu sei que dos teus olhos não se soltam clamores em fogo nem o abraço renascendo sem fim, -  marginais ao eterno, beijando no corrimão do tempo os ossos nossos, um outro beijo na manhã do crepúsculo derramado sobre a pele quente (acidentes de um coração precário) devolve ao minúsculo dia a gota necessária – a flor no vácuo.