Resvalo no valado e nas valas
nos vestidos de verde crepe
nas verbenas do azul das velas
Resvalo pelo interior das açucenas
das flores
das minhas penas
das aves dos meus afectos
Resvalo pelas viagens em aberto
nos passos que hei-de dar
nas montras do cinzento
Resvalo no dentro dos meus versos
na voz que daí desaba
às crateras de vermelho
Resvalo no silêncio em fusão
nas paixões delirantes
nos aquários da verdade
Resvalo pelos ombros da melancolia
e deste resvalar sem tecto
abre-se uma fenda alegre
Resvalo se penso que resvalei
e quando por esse resvalar
resvalando aqui estou
resvalo neste tempo gasto
prazer que o poema gerou