sexta-feira, agosto 09, 2019

A eternidade é um instante

                                     A eternidade é um instante I 



Na horizontal da parada
o castelo é monumento
o jumento vai pela estrada
e o sol é um tormento

Bojuda gorpelha a dentro
sabes lá, o que lá vai?
o burro vai muito atento
e a senhora não se distrai

Por baixo do grave castelo
espraiada sobre os costados
andando em paralelo
burro e dona vão calados

Na paisagem soalheira
andando de mansinho
irá a dona à feira
escondido, vender seu vinho?

Muito ancha ela vai
espraida sobre a gorpelha
é como torre que sobressai
lá no alto em grés vermelha   




Com a lanterna apagada
consultando o mapa a jeito
sobre o estrado da carroça 
manja a mula com efeito
e o homem não vê nada

Acabou-se o liquido petróleo
a mula está cansada
não há gasolina nem óleo 
e a carroça está parada

Faz um calor de rachar
o tendal é coisa boa
é melhor à sombra, e parar
até qu´a gasolina chegue d´Lisboa



Em Silves, onde vivi
não havia esta paisagem
- mas o Arade estava aí
e a Ponte era passagem


Imagens "roubadas" a Patrícia De Jesus Palma