domingo, janeiro 16, 2022

A eternidade é um instante

 

 

 

Em Silves, onde vivi
não havia esta paisagem
- mas o Arade estava aí
e a Ponte era passagem

 

 

          Foto - Professores da Escola Secundária de Silves 1965 (?)

 

Quando fui professor em Silves

Nos verdes tempos que já lá vão

Tinha sonhos de muitos matizes

- Minhas sombras rolando p´lo chão –

 

Tinha densos amores imperfeitos

No ventre dos solenes arrepios

Cavando no corpo seus defeitos

Viajando nos olhos seus brios

 

O rio Arade tinha verdura

A serra tinha alabastro

Tinha a água aquela candura

Deixando nas margens seu lastro

 

A ponte vestia íntimos desejos

P´ra alcançar a outra margem

- Era como dar muitos beijos

Na água correndo selvagem –

 

E o sol cuspindo seus raios

Iluminando árvores e montes

Reflectia na água das fontes

Aquele azul sem desmaios

 

- Forças tão graves e solenes

Presos ao destino de qualquer mão

Deixando nos recônditos casebres

Nobres sabores de laranja e limão

 

Terra vermelha de sangue azul

Nos cumprimentos dos anos antigos

Prostrada nos braços do Al-Andaluz

Assomando ao presente pelos postigos –

 

Ó longes de um antanho pousado

Nos galhos dos laranjais em flor

Nesse Silves agora recordado

Lembrando um voar de condor