Pôr do Sol visto do atelier IV
Pintura a óleo sobre tela 40x50 - 2021
Viajar em feérica mutação; os olhos apaixonados visitando de chofre as cadências luminosas, os fluxos de luz delirando de nudez; a visita da terra ao corpo adensado; uma mão abre-se às palavras movimentando a língua das águas na espraiada planície; os vocábulos contornam a periferia da matéria fechada - os sorrisos das árvores abertas aos crepúsculos soberanos; do sonambulismo acústico devêm ervas musculares soltando-se da prisão, - falhas da vista debruçadas sobre a implume matéria; o natural dos ossos, da carne e da terra como amoras silvestres soltando-se da pacatez e das miúdas carências; a argila rasga-se nas vozes das arbustos, árvores de troncos robustos visitam a planura do tempo nas retorcidas volutas, - volumes que cantam dores das raízes; fábulas dos seres que peneiraram os frutos maduros: - esta evocação diz - peneiraram? - é a voz das sombras subindo dos astros da memória, da elegância do destino enredada às mãos fazendo renascer a época das searas nas leiras terreais; as pedras não vertem suor! o caminho é um corredor ondulante ajoelhado à comoção por aí viajando nos pequenos dizeres da fala como cão salivando de fome, - abuso da vertigem dos olhos; o campo é o nosso corpo do lado de fora visto por dentro com a luz produzindo os seus sulcos de alegria no passar imorredouro, - violinos da emoção as árvores bailam.