Poema desenho - caneta de aparo com tinta da china sobre papel
42x29 2016
Modelações - I -
Escrever, um exercício feroz –, deixando um rasto inabitável ou um tronco de melancolia imersa no continente de todo o apreendido dicionário, reverbera em silêncio, naturalmente audível; e, de tão frágil e belo no seu voo, facilmente adormece na secura invejosa do ser quotidiano, assim como pedra perdida num caminho de aflição, debaixo da canícula.
Um eixo de brandura da voz é um alívio!... revestida
da gratidão possível num romance de nervos acústicos desdobrando esse corpo para fora de si, arreigado ao espaço circundante.
- Todo o som enaltece a razão somente porque dá corpo ao vazio; – o crepúsculo sentimental enovelado pairando sobre qualquer acontecimento, como no exemplo de um mocho piando na noite; - tormenta que se assobia no interior dos zumbidos da escuridão para que a alegria regresse do eixo solitário, e, no seu espelho, ele já sujo das lágrimas vertidas surja, ainda que em delírio ou num recuo, em agonia assomando à esquina de todos os verbos mundanos.
- Habitante do vocabulário e do cosmos como se sentinelas estrelas, cintila para cada um de nós adulando a memória exausta, e só em exercício feroz descobre nesgas do rosto esfaimado.