- regresso à terra, eis a questão!... abraço sujeito à escuridão do tempo arranha o horizonte sem rumo, mingua dos calos da noite; pasme-se...! a amendoeira abandonada no verde campo como enterro do verbo no interior da casa, um osso salgado para roer ao amanhecer, um trilho de beijos afogados na macia noite...,
Teu sol brilha cântico da terra
Num adeus de cios maduros
Aves de longínquas esferas
Perdidas traves doutros futuros
Teu laranjal de películas de sonho
Amêndoas das flores em botão
Dos casulos que fechados estão
Nimbo aberto – palma da mão
Figueiras de um andaime de glória
Após a sombra do turbilhão das vestes
Abre as veredas desta ou outra vitória
Nos alísios dos ventos campestres
À entrada dos vultos ocasionais
Bálsamo de um verde limão
O rumo aberto dos laranjais
Adubos de poemas - irmãos
Terra mares amores cantigas
Sem fim de um adeus precoce
Beijando nos olhos dos jardins
As vestes das janelas antigas
Suave pouso da tua ansiedade
Nas lousas das alvoradas singelas
Passos cruzados sem eternidade
Deixando marcas pelas vielas
Oh desvelo de uma nação de vozes
Rocio desbravado de medronhos
Leva teu cântico de suores velozes
Pelas estradas dos corpos estranhos
Verde timbre teu rosto aguçado
Verde estio soprando em botão
Deixa passar este e qualquer fado
Chegar volante à rubra emoção
Acaba a amargura em solo inerte
Os braços navegam no mar alto
- Deixa ao ópio que nos diverte
Um abraço do nosso sobressalto
descabeladas raízes anotam a sua vigência, o seu cunho material de crueza e ambição; jogo calibrado de raiva e crescimento, aguda vontade de subir ao palco; teatro vertiginoso da biosfera enlaçando os dedos das mãos com as aves cuspidas das moléculas eternas; - atenção, pais dos abismos, mães da incerteza -, se vozes das circunstâncias adocicadas untando manteiga no pão ázimo..., a amendoeira reabre o seu cântico de maravilha e morte todas as primaveras.