Grandes férias no Algarve - Pintura a óleo sobre madeira prensada
80x107 - Anos 70
As luvas da manhã aquecem as mãos dos - remediados, - aqueles que nutrem na aflição dos olhos as queixas mornas, as lamúrias agrestes dos pesamos; nos céus incólumes despistam-se as vontades; aí, onde se verseja o puro aroma do arco-íris, habitam os ósculos dos sempre-em-pé; não são pusilânimes por isso mesmo; pendurados numa lucidez acre destroem os lampejos do social sabão azul, com minúsculas gotas de orvalho de cinza; - tudo pertence ao universo fosforescente, o bago de grão-de-bico arrebitado, o centeio de viço agreste, a caixa de fósforos incendiária, num acréscimo de poeira invernosa musculada de cruzes standard e adereços viçosos; regressarão os humanos aos bairros de lata, agora alfabetizados e presos aos sentimentos solidários, cingidos às lágrimas da vida? a lava corre nos nódulos macerados, lacrimejando piolhos nos telejornais vivos e audazes de – referência; cristais de habitáculos da morte com perfumes de canapé e agulhas espetadas nos doces olhos; - havia um rapaz imerso no sótão da maturidade que desejava viver-em-paz! – festejava o colorido da noite com pontapés na alegria; era imenso o dia-a-dia acostumado, sem querelas, ainda que doídos, pela noite a dentro e sem remorsos de chuva miudinha; qualquer coisa como o beneplácito da morte! – em viagem de núpcias!? - rectifico as esquinas dos olhos com os decassílabos alexandrinos, pois os versos sacodem no baixo ventre os músculos mentais; os motores da literatura arrancam com os nervos-em-pé, farejando o ócio da manhã silvestre; não há desníveis na opacidade do – há-de-vir! – apenas injunções fortuitas, ossos desalinhados nas marés do tango, sem sandálias de tacões altos, – cortinas dos desejos altruístas; o mar da bondade silva por todo o universo escalado pela verdura do amor- ao-outro, como pasto na várzea adocicada pelo nascente remorso; altruísmos bem pensantes com luvas brancas ao volante, em passeios noctívagos; a escalada dos – remediados, emerge do absinto da noite com a alegria máxima do viver-o-dia-a-dia, com a prontidão da água-oxigenada sobre o deslavado fim-de-tarde, no metro da abundância; não é – o caos da severidade dos costumes, nem a insolência-dos-que-podem, talvez a brancura do vive-o-hoje-que-amanhã-será-outro-dia, num acréscimo de sintonia dos humores com a grandeza dos astros; todos somos uns zés-ninguéns na fervura universal, – salve-se quem puder!