segunda-feira, fevereiro 10, 2020

Outro mundo é possível


 Outro mundo é possível - XII

  Estudo para auto retrato 5/V - série / I
Pintura a aguarela e guache sobre papel 21.5x41.5 
  Janeiro 2020


Busco a narrativa soberana e de pé descalço, caroço de uma voz tranquila; - ideia é, mas onde está a vegetação do corpo, o pulsar da memória doce, o tecto duma órbita circular?

 Criação ou pedra soberana; tacto do coração, circuito da voz, densa memória; fogo despido das palavras.

 Órbita o gesto das mãos sobre os ninhos vegetais; são tesouros de palha os nossos encontros; os moluscos dormem dentro de conchas misteriosas –, abraço o infinito com uma mão de gelo. O medo floresce no gatilho, dormimos no cano da espingarda, no túnel rancoroso que dá para a caverna da solidão –, morrem as flores em tempo de paz? – Cresce a voz enroscada em mel sobre o dilúvio do pão. 


segunda-feira, janeiro 20, 2020

Outro mundo é possível

 
 Outro mundo é possível - XI


  Estudo para auto retrato 4/V  - série/I 
Desenho a grafite sobre papel 21x29 
Janeiro 2020 


Alguma vez foste tu? – eu nunca fui eu! - respondeu ele à pergunta que fez a ele mesmo, o próprio. Levantou-se da cadeira, despiu o resto das vestes que lhe cobriam o corpo suado, e deitou-se. Antes de adormecer completamente, ainda se lembrou de questionar se estaria mesmo ciente de que nunca tinha sido, ele! Apalpou-se na perna direita, assim por baixo do joelho, – pareceu-lhe acertado tentar perceber-se, – junto à rótula; que naquele lugar corporal, seria mais sensível a reagir a qualquer adormecimento muscular, se, o eu, acaso tivesse  momentaneamente, apenas entorpecido de vivacidade, resultante dum liminar estado de prostração solar; pois é aí que, normalmente, o médico, batendo com o martelinho, certifica que o vivo não está morto; – não! – respondeu uma voz, sobrevinda sensacionalmente por uma claridade que se lhe abriu na mente, relevando daquele toque de  pressão exercida sobre a pele desofuscada –, sou eu, o calque sobre a pele e a anilina luminosa engavetada no nervo simpático, cavando na carne esse ligeiro avatar de alguma lascívia, que és tu – disse a si mesmo, com algum atropelo lavrado de sorrisos, a voz que isso sim, lho havia sussurrado, como um ligeiro assobio ao ouvido do próprio, ele mesmo! E adormeceu.    




quinta-feira, janeiro 16, 2020

Anos 20




Estudo para auto retrato 3/V - série/I
Desenho a grafite sobre papel
42x30
Janeiro 2020 

segunda-feira, dezembro 30, 2019

Anos 10

                                                     

Outro mundo é possível - X




O tempo veste-se de memória, – e eu digo adeus aos sulcos que o marcaram? A paixão de uma hora apaga os medos, eleva-se ao rubro hidratado da febre arenosa; onde acaba o momento? os assobios das nuvens andantes entram na fornalha do tempo. Outra força sonora, outro labirinto de emoções sugados pelo, depois, viajam até à eternidade; pousada vertigem de um sorriso estremece, – cresce o abismo da rendição sobre a nave do silêncio? Peso a incerteza, a vagabundagem dos mitos, a deambulação dos sonhos; com as sombras verdejantes, como se o instinto fosse a maré alta ou o lugar do absurdo redemoinhar, gritam as árvores; trago o incerto para a luz do dia pela escada que desdobra o amanhã, – o calor movendo-se na escuridão, – sou viciado nas sombras?   


Desenho a grafite sobre papel 2019


domingo, dezembro 15, 2019

Anos 10


Estudo para auto retrato 2/V - série /I
Desenho a grafite sobre papel
29x21
2019


Estudo para auto retrato 1/V - série /I
Desenho a grafite sobre papel
29x21
2019


A eternidade é um instante

                                              A eternidade é um instante IV        
                 


Já lá vem a Barca Bela

Sobre as ondas do mar…

Já lá vai sobre a pinguela

Afoita donzela a passar



Já lá vai mui equilibrada

Em jeito de andar seguro…

Mas na ribeira sem água dada

Ao olhar – chora seco todo o futuro





   A eternidade é um instante III 

 


                  Ao olhar p´ro horizonte
                 Em terra de navegadores
                 É como o correr da água das fontes
                 Onde nascem todos os amores 


Fotos surripiadas  a Patrícia de Jesus Palma