Os sentidos são examinados quando num regresso às
zonas em que habitámos surgem - pequenos
relevos de saudades, formas de objectos onde dormiram os nossos futuros
desassombrados, - uma pequena balança de
plástico colorida que se escondia dentro da caixa da farinha Amparo, por
exemplo; pela inércia do presente chegamos a lugares de ausência e ocultamo-nos
do presente em labaredas, - as Esfinges dos nossos corações. Há ternura nas paredes que nos suportam - ajusto
às frases que vou escrevendo.
A balança exprimia um sentido agudo na exploração da
brincadeira, perdia-se o pleno gozo no sortilégio da aparição pelo escancarar
da caixa, e, nela desabrochava uma floresta de indícios novos, de vibrações dum
futuro anunciado na miniatura do objecto, espectro larvar do homem,
ressonâncias dos próximos dias, já, no equilíbrio dos pratos vazios. O inédito
e ainda inaudito plástico começava a vicejar aos olhos como um espasmo que
entra sem cortesia pelo peito sonolento. Digo ainda daquele amarelo-limão,
habitando em plasma de evidência fotográfica: - acoito-me no longínquo como um pinto que deseje regressar ao ovo
embrionário.