quinta-feira, outubro 28, 2021

Outro mundo é possível

 

 

À mesa do café
Gravura em metal -  prova de ensaio - água forte
35x25 Anos 70

 

 

Passou aquele tempo passado

E eu aqui estou sentado

Sentindo o tempo passar

- Aquele sentir velado

De um tempo que há-de vir

 

O vento entra p´la janela

Na tremura da luz macia

Enfuna a cortina bela

Lembrando um barco à vela

No Oceano de algum dia

 

É um verde de verde limão.

Naquela janela em frente

Uma luz estridente

Expande seu fulgor.

A cortina velejante

Como pássaro cantante

Abre as asas velejeiras

 

E eu sentado e quieto

Vejo o cenário aberto

No espaço despovoado

Nas ondas de estar liberto

 

Muitas mesas sem ninguém

Alguns copos sobre o tampo

Brilham com alguma tristeza

Onde a luz se entretêm

 

A mão vestindo seu tempo

No remanso de um estar

Vai escrevendo devagar

Estes versos que aqui deixa

- Passa o tempo sempre a passar

 

E eu aqui sentado

Neste espaço mui calado

Com o vento que há entrado

Respiro um certo fado

Como um barco de grande calado

 

O verso rasgando o destino

Aqui fica enfunado…