À mesa do café
Gravura em metal - prova de ensaio - água forte
35x25 Anos 70
Passou aquele tempo passado
E eu aqui estou sentado
Sentindo o tempo passar
- Aquele sentir velado
De um tempo que há-de vir
O vento entra p´la janela
Na tremura da luz macia
Enfuna a cortina bela
Lembrando um barco à vela
No Oceano de algum dia
É um verde de verde limão.
Naquela janela em frente
Uma luz estridente
Expande seu fulgor.
A cortina velejante
Como pássaro cantante
Abre as asas velejeiras
E eu sentado e quieto
Vejo o cenário aberto
No espaço despovoado
Nas ondas de estar liberto
Muitas mesas sem ninguém
Alguns copos sobre o tampo
Brilham com alguma tristeza
Onde a luz se entretêm
A mão vestindo seu tempo
No remanso de um estar
Vai escrevendo devagar
Estes versos que aqui deixa
- Passa o tempo sempre a passar
E eu aqui sentado
Neste espaço mui calado
Com o vento que há entrado
Respiro um certo fado
Como um barco de grande calado
O verso rasgando o destino
Aqui fica enfunado…