sábado, novembro 13, 2021

Outro mundo é possível

 

 


 

 

 As mãos na caixa -  Estudos para ilustração

Desenho a grafite sobre papel 21x14- 2018




Preciso é de densa humanidade

Não deuses nem de nobres mitos

Poesia alta em justa profundidade

Bordando o calendário dos nossos gritos

 

Perdido no sótão das vaidades

Azulejos de vidro transparente

Passam dias de ferozes novidades

- Espelho no arco-íris da serpente -

 

Vozes de chinelo debaixo dos tectos

Cuspindo belas angustias de morno calor

Perdendo na orla do horizonte os afectos

Do entre nossos corpos a nudez da dor –

 

Nos off-shores de doces cantos

Com caudas de silêncio brilhando

Vão-se arrastando os nossos tormentos

Nos óbitos dos espelhos bailando

 

Ó baile de sensações domingueiras

Vivendo na acidez dos embustes…

- Lembra-te dos figos e das figueiras

Na voz das árvores e dos arbustos

 

Nas mãos das flores em botão

Cuspidas da escuridão dos monstros

Há flores de oceanos em gestação

Em rostos pairando nossos encontros