domingo, março 06, 2016

os corredores habitados



Estou sentado e vou escrevendo - nesta saudade de me vestir de luz dobrando as esquinas  dos  esconsos labirintos onde os poros dos poemas se perdem nas máquinas sem memória. O caderno aqui ao lado empresta-me esta ideia: - uma ferida no aquário do medo - a desmemoriada máquina centrifugando pesadas saudades  no interior dos corpo deprimido – projectado nas falésias da vertigem -  também aqui encontro, nestes  apontamentos, mesmo rente ao meu braço, no caderno.



Nada, é outra maneira de dizer, tudo - retido na mente este amplexo como uma ironia   certificada pela palavra, retiro-me;  o prisioneiro do lastro da  realidade consome-se pelos corredores de qualquer Megatério onde se incubam dores  em ligaduras, os sentimentos são sugados pelas narinas dos tubos até aos suspensos frascos dos plasmas, 



ossos, vaidade, espelho sem cristais

num juízo de carne abandonada

é o que resta dos campos vegetais

nas horas adormecidas, pela calada.    



quadra rascunhada numa folha A4, sobre ela relevando. Repito e respiro-a, cinzentamente.