intervalo sonoro – redundância dois
pequena
mancha do mundo, nem tudo é ausência, nem
tudo foge, nem tudo é silêncio, o saxofonista ondulava suspenso das notas, repousada memória na frescura do momento,
os ritmos penetram o cérebro, depois o corpo, ou este e depois aquele, interrogação presa no escuro como em bico de
haste a rosa fechada; desprendido, interrogo a circunstância de ali estar
no interior daquela mancha de som e evasão,
entretanto cenário residual de colorida atmosfera, inefáveis auscultações
dos sentidos possíveis e fiáveis planam sobre a mente cumprindo o seu dever de
questionamento; amadureço aqui no plano interior da consciência reclamando
alguma virtude ou inibem-me as claridades sonoras a iminência dos desastres? no ângulo vertido do imaginário sublinha-se
a desagregação dos conteúdos; estou preso na infinita circunstância de ser
eu no lado de dentro, e preso por ser o lado outro por fora desse singularíssimo
eu; por fora sou claro para mim próprio,
tenho olhos, mãos, pernas, e tudo isso coberto por uma pele que me desenha
no espaço e me enfeitiça; por dentro, a
obscuridade insuportável do fenómeno, que me enfeitiça de segredos,
perseguindo-me como lâmpada de desejo apagada, circunlóquio na avareza dos
sentidos, limite e absorção ilimitada; apago a memória e vegeto o entendimento,
desgoverno os circuitos ou instâncias do prazer, desniveladas atmosferas envolvem os pântanos em que me concentro; sobre
o arco-íris da fantasia, a música;
dentro das esferas do silêncio, algumas
tristezas sugando os apetites; galgando os olhos distraídos, movimentos vertidos para sons; na
imobilidade corporal, gravitação dos
despojos; sensação dos outros em redor, penetração
da minha lucidez; tentáculos de corpos subjugando-me, incrédula leveza do meu arbítrio; redemoinho de movimentos, fricção nos preâmbulos do desentendimento;
máscaras subvertendo o tangível, a ficção inoculando o real? – interrogo-me , naquela refracção dum espelho musical sob o
esplendor duma vertigem de sonoridades; recobro da infância o mundo agora invisível
que à distância perpetuada por tangos, valsas e Tico-Tico no Fubá, exultava no
peito florido de pimpolho