ao espelho
I
Ao espelho
ouvem-se as citaras do teu olhar quando naufragado no vidro incorro na desordem
no realejo os
cantares desesperam quando roucos os címbalos roufenham e assim viajo
do vidro digo a
sua ausência a pequena loucura aglomerada no vértice do lugar
do lugar ausento
os segredos refulgindo em esconsos armários
II
ao espelho
ouvem-se as citaras quando naufragado no vidro incorro na desordem do teu olhar
guerreiro e
arrebatado corro atormentado nas caves dos nossos espelhos
no planalto
adormeço violador dos espelhos de
Epicuro
III
ao espelho
ouvem-se as vozes alongadas das franzinas crenças soltando-se do teu regaço
nas esquinas do
perfume profanas o vazio da tua voz com segredos sem memória
doutas datas no
patamar da sabedoria derramam evidencias sobre os vidros espelhados
IV
ao espelho
aguardas ver o teu silencio soltar-se do teu rosto
no teclado dos
teus desgostos atrás de ti suspenso viajas nos vidros
janela que me
prende ao chão de todas as palavras soltando-se dos nitratos da desordem