terça-feira, fevereiro 28, 2017

os corredores habitados



Parto, nesta mão que tecla, na viagem para o outro lado; cada tecla, cada letra é um caminho, a porta aberta ao universo das paisagens, à regular agitação dos nomes, - vou pelo, v, em viagem; pelo a, em adeus; pelo, l, ao longe; o – a, é ainda o agora do – p que parte, do – o e l que assoma do - outro lado; caminho pelo som da música em que me oiço em cada soletrar manso no bater das teclas; l, de liberdade; f, de família; a de amurada; n, de nuvem, nuvens na vã tristeza da tarde esmorecendo; - mas a nuvem não é triste… é o manto colorido, a morrinha solene na tarde em, - dia que se esvai; a esplanada cinzenta do olhar onde fímbrias de sedosos alaranjados morrem no – l, ao longe do teclado, já na distinta dobra da penumbra dos montes, acendida a leveza húmida do deslizar dos dedos sobre a pele rugosa do laranja; n, - da noite; l, lado oculto da várzea à palma da mão, quebra arredondada deste horizonte literal e quedo de q, - que quero disperso e sentido