ao espelho
V
ao espelho no horizonte do teu perfil descobres o rasto do desconsolado verbo
teu irmão nativo acossado pelas desventuras do medo
ao espelho teus olhos invejam as sedutoras planícies do esquecimento
frescura de raízes sentimentais no apocalipse dos astros e da miséria
ao espelho aguarelas de saudades mortas deixam consternadas as tuas pupilas
VI
ao espelho pelo
itinerário do infinito reflexo da tua presença sulcando teu olharquadro petrificado pelas perguntas do teu carácter às verdades soltas por realizar
ao espelho odores da tua pele escurecem enfermidades de outras peles
ao espelho nos ombros dos teus pensamentos interrogas a escuridão dos cantos desta casa
vinculas a distancia do teu pensamento ao silencio da tua imagem ali
ao espelho ouvem-se as citaras do teu olhar quando naufragado no vidro incorro na desordem
VII
ao espelho as
palavras estão do outro lado do lado outro estão palavras as do espelho aoencontro dos seus resíduos mortais palavra de pão dada aos olhos no espelho do teu aquário esqueleto o esqueleto no espelho devorando teu olhar na quietude singular do desalento teu ao espelho quietude de címbalos no olhar margens desta ficção teu dizer em argolas ricocheteando presságios ao espelho