domingo, dezembro 16, 2007

Entrevistas no H M P



Quinta Entrevista



Por vezes afloravam conversas sobre a vida civil, lá fora o mundo parecia resplandecer de luz e de vida, o som dos carros ao longe o travar dos autocarros de dois andares zúnia aos ouvidos quais andorinhas riscando os ares.
Certo dia, airosas damas de cabelos afofados ao alto entraram pela enfermaria adentro, cuspiram umas palavritas para um lado e para outro, sarabandearam os cus pelos quatro cantos da sala e deixaram em cima das mesas de cabeceira maços de cigarros Três-Vintes. A Pátria agradecida estava ali, prazenteira e presenteira.
Por essa altura já todos nós confraternizávamos uns com os outros.
Cá fora no quintal que circundava as enfermarias existiam campos sem nada onde medravam flores silvestres; foi aí que eu mais uns quantos resolvemos apanhar flores e ramos verdes, mete-los em pequenas jarras improvisadas - frascos e recipientes de comprimidos forrados com as pratas dos maços de cigarros - primávamos por aquela beleza em toda a sala decorando as mesas de cabeceira.
Quando as senhoras do MNF entraram foi um espanto, um ai de admiração, cochicharam enternecidas palavras bonitas, certamente, distribuíram sorrisos juntamente com os cigarros e desapareceram, até hoje!...
Entrevista no HMC Nº 5 by adão contreiras